LIVRO: UM PEREGRINO EM MINHA PRAIA

quinta-feira, 6 de junho de 2013

PERDOAR A SI MESMO, EIS A QUESTÃO

Não são raras as pessoas que têm muita dificuldade em perdoar aos outros as suas ofensas. Guardam anos a fio, ou até mesmo pela vida inteira uma mágoa por uma ofensa e outras morrem sem conseguir libertar seu coração daquele peso. Às vezes, nem foi tão grave o que ocorreu, mas, se ofendeu a vaidade, atingiu o ego, houve depreciação pessoal, (o que não é nada agradável), pronto! Não há nada que faça superar e colocar uma pá de cal em cima daquele dissabor.
Mas há um problema ainda maior, com consequências terríveis para o ser humano e é mais comum do que se imagina: pessoas que não sabem ou não conseguem se perdoar a si mesmas. Assim, se fecham num sentimento de culpa sem tamanho e, por isso, muitas de suas doenças, como depressões, angústias, têm sua origem nessa culpa, por somatização, ou seja, o organismo responde com doenças, o que não é solucionado no seu interior.
Culpas e remorsos são inimigos constantes de alguns e trazem junto a humilhação, a vergonha, o medo e a maior consequência: a autopunição. Para evitar sofrimentos, devemos conceder esse perdão a nós mesmos quando erramos e confessamos a Deus e nos arrependemos de nossa transgressão.  Existem aqueles que  "remoem” os erros do passado, mesmo aqueles que  foram confessados e perdoados por Deus.
Perdoar a si mesmo requer enfrentar os próprios medos, julgamentos, injustiças, limitações, olhar para a própria vida e lembrar-se de quantas vezes errou e quantas vezes já acertou. Somos seres humanos, estamos em constante processo de aprendizagem e evolução. E nesse caminho acertamos e erramos, temos que ser razoáveis quando necessário.
Várias passagens bíblicas falam da superação pelo perdão, que é uma bênção maior que alcança o perdoador, muito mais do que ao ofensor arrependido. Jesus disse que devemos perdoar pelo menos setenta vezes sete ao nosso irmão, pois, não existem limites para se praticar a misericórdia. Foi o que Jesus quis dizer quando Pedro lhe perguntou até quando deveria perdoar seu irmão, se até sete vezes. E Jesus responde: “Eu lhe digo: Não até sete, mas até setenta vezes sete". Mateus 18: 21-35.
Se arrependermos do fundo do coração de algum mau ato praticado, recorremos a Deus com o coração sincero e Ele, em sua infinita misericórdia, nos perdoa e esquece nossas transgressões: Isaías 1.18, “Vinde então, e argui-me, diz o SENHOR: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã.”.
 Como Deus é sensível a um coração contrito e arrependido, por que essa dificuldade de se perdoar, se o próprio Deus, que é Senhor da vida,  o fez por nós, com todo o amor que lhe é natural? “Serei misericordioso para com suas iniquidades e de seus pecados e suas prevaricações não me lembrarei mais” (Hebreus 8:12).
Todos conhecemos pessoas que sentem remorso, se dizem arrependidas, mas “não dão passagem”, não se libertam de uma culpa sem sentido. É claro que não nos esquecemos de nossas faltas, servem de lição, de experiência para evitar reincidir em futuros erros. Também não seria normal esse esquecimento, mas, como não podemos reter o pecado alheio, muito menos poderemos reter o próprio, não é salutar, faz mal para a nossa vida, como um todo, principalmente, a saúde física e mental.
 "Os fariseus, tendo sabido que ele tinha feito calar a boca aos Saduceus, reuniram-se; e um deles, que era doutor da lei, veio lhe fazer esta pergunta para o tentar: Mestre, qual é o maior mandamento da lei? Jesus lhe respondeu: Amareis o Senhor vosso Deus de todo o vosso coração, de toda a vossa alma, e de todo o vosso espírito; é o primeiro e o maior mandamento. E eis o segundo que é semelhante àquele: Amareis o vosso próximo como a vós mesmos. Toda a lei e os profetas estão contidos nestes dois mandamentos". (Mateus, 22, 34 a 40).
O amor liberta, e, para amarmos o outro, temos de aprender a nos amar a nós mesmos. Cristo nos deu a medida exata deste amor: Amar ao próximo como a si mesmo e a Deus sobre todas as coisas, conforme citado nos evangelhos.
Devemos livrar de tudo que nos faz mal, curar a ferida que mais dói curar nossa vida emocional. A verdadeira cura é fazer as pazes com a gente mesmo.
Temos de refletir nesse aspecto do perdão, pois, para algumas pessoas, é bem mais fácil perdoar ao próximo de suas faltas do que se perdoar e sentir que, se somos alcançados pelas bênçãos de Deus, temos de usufruir dessa vida plena que o Pai nos concede, através da prática do amor e da reconciliação e a reconciliação consigo mesmo é fundamental para quem pretende viver em plenitude.














segunda-feira, 3 de junho de 2013

FILIPE ENSINA A PALAVRA AO EUNUCO


             É necessário pregar, é fundamental levar a Verdade aos sedentos, para que outros sejam tocados e venham a Jesus. Maria, como tantos outros, era, dia após dia, aperfeiçoada espiritualmente.Atitudes e maneiras  denotavam ser outra pessoa; Decisões e escolhas que falavam por si, impressionando a todos que a conheciam antes de receber Jesus como seu suficiente Salvador e Senhor.
             Certo dia, o anjo do Senhor ordenou a Filipe que descesse pelo caminho que vai de Jerusalém a Gaza. Encontrou-se com um homem, eunuco, mordomo-mor da Rainha de Candace, responsável por toda a riqueza daquele reino.
               O enviado de Deus normalmente é dotado de um espírito fortalecido, é disposto para a obra, é aquele que "lança mão do arado e não olha para trás". Filipe era um servo que não deixava para depois o mandado de Deus, indo onde fosse necessário, sem saber o que iria encontrar pela frente.
             Inicialmente, podemos observar que se tratava de uma pessoa importante. O eunuco era, mal comparando,  como se fosse hoje um Primeiro Ministro de um governo, porém, não estava contente, buscava por algo mais, não se sentia pleno como pessoa humana, espiritualmente falando.
             Naquele dia, voltava de Jerusalém, onde fora adorar e foi visto por Filipe quando passava por ali. O Espírito também determinou que Filipe se chegasse a ele. Aproximou-se e o viu lendo o livro de Isaías. Filipe perguntou-lhe se entendia o que estava lendo.
            Esse fato é interessante, porque, realmente, de nada adianta ler por ler a Palavra, sem buscar entender o significado, o contexto, muitas vezes, repetindo como um papagaio, sem se deter no que diz, como um cego conduzindo outro: "Como vou entender, se ninguém me ensinar?"
               Como muitos poderão ser conduzidos a Cristo, se não há quem as ensine? E há tantos que estão sedentos pela Palavra, se encontram destituídas da graça de Deus, porque almejam mas não se acham merecedores e permanecem na escuridão do pecado.
              A passagem que o eunuco lia falava do sacrifício de Jesus, quando levado à morte e todas as circunstâncias que envolviam aquele terrível e temível ato de desamor. Mas ele anseava por saber mais, queria entender se aquele profeta falava de si mesmo ou de outro.
              Aquele homem, bem sucedido na vida, fora adorar em Jerusalém, mas ainda não tivera um encontro pessoal com Jesus. Buscava nas Escrituras, respostas para seus vazios, suas tribulações de alma, talvez para sua solidão, enfim, o preenchimento de seu coração: o elo de ligação entre si e o próprio Deus, pois, "ninguém vem ao Pai senão por mim", disse o próprio Cristo. Jo 14:6.
               Em Cristo há liberdade e libertação e é  essa a liberdade que o Evangelho nos concede, de alçar voos espirituais, de sermos alcançados e aperfeiçoados pelo Espírito Santo e dEle recebermos os dons para os colocar também a serviço de outros.
             Descendo os dois ao ribeiro, o eunuco quis algo além: "Eis aqui água; o que impede que eu seja batizado?"
              Filipe concordou que fosse ele batizado, porque o eunuco cria, do fundo de seu coração, que Jesus realmente é o Filho de Deus e por Ele desejava viver.
              Quando saíram da água, Filipe foi arrebatado. O outro, por sua vez, seguiu alegremente seu caminho, não mais como aquele ser incompleto, mas como quem se plenificou no encontro pessoal com o Cristo de Deus.
                Filipe foi para Cesareia buscar outros necessitados, ensinando e pregando o Evangelho do Reino a toda a criatura, que também deve ser a principal missão de todos que se rendem aos pés de Jesus.
             Podemos, não apenas por obrigação, mas, por necessidade espiritual, algo em nós que clama por levar a Palavra de Deus àqueles que estão sedentos, carentes, para cumprirmos o mandamento divino. Isso é um privilégio para quem se reconhece como um filho de Deus.

ESTÊVÃO, O PRIMEIRO MÁRTIR

             

           Para organizar e facilitar a tarefa missionária dos discípulos, os doze apóstolos de Cristo, convocaram os demais, para que escolhessem sete varões, dotados de sabedoria, de comportamento irrepreensível, e cheios do Espírito Santo. Esses seriam os primeiros diáconos da igreja cristã.
          Dentre os escolhidos, Estêvão, um homem que se destacava também pela fé em Deus e através dele, revelava-se o grande poder de Deus. Realizava maravilhas e grandes sinais entre o povo.
         Conforme palavras do próprio Cristo, os seus seguidores fariam as mesmas feitos que Ele, e até maiores. Claro que depende da fé de cada um. Embora Cristo seja o Filho de Deus, conseguiu fazer poucos milagres em sua terra, não lhe faltando, para isso, o que é óbvio, fé e confiança total no Seu Pai do céu.
                Cristo também repreendeu seus apóstolos na sua falta de fé, pois, mesmo convivendo com Jesus, eram limitados em poder e confiança, por não se abandonarem por inteiro, em Espírito e em Verdade ao Supremo Poder: "Por que temeis, homens de pouca fé?" Essa frase foi dita por Jesus quando a tempestade e os ventos açoitavam a embarcação, enquanto o Mestre dormia em paz. Mat. 8:26.
                   Isso não ocorreu no caso de Estêvão, que confiou, não cegamente, mas, com lucidez, no Deus a quem servia, pois, segundo a Palavra, "O justo viverá pela fé." Gl. 3:11.
                 O ciúme, a competição e a inveja espiritual infelizmente, sempre estiveram presentes entre o  povo, mesmo entre o povo de Deus, como no tempo de Estêvão. Alguns da sinagoga, invejosos da sabedoria de Estêvão, por ter presenciado vários prodígios, insurgiram-se contra ele.
                Para tanto, foi ele acusado de blasfemar contra Moisés e contra Deus, assim, contrataram a dinheiro falsos testemunhas para depor contra ele e essa mentira prosperou, para alegria de seus inimigos.
                  Na gíria de hoje, aquelas pessoas, fizeram a cabeça do povo, até que os maiorais do templo conduziram-no ao Conselho. Lá chegando, algo inesperado aconteceu, pois, os que fixaram nele os olhos, viam o rosto de um anjo.
                    Em sua defesa, que serviria para agravar sua situação, Estêvão discorreu a História Sagrada, começando por Abraão, passando pelos patriarcas, por José no Egito, por Moisés, pela saga do povo de Deus no deserto, por Salomão na edificação do templo, a fim de mostrar a eles a nua e crua perseguição que sempre sofreram os eleitos de Deus.
                Então, acusou-os, comparando-os aos seus antepassados que resistiram ao Espírito Santo, perseguindo e matando aqueles que anunciavam a vinda do Salvador. Por mais esse motivo, os "juízes" se enfureceram, principalmente por terem sido acusados de descumpridores da Lei de Deus.
               Enquanto os inimigos pensavam em destruí-lo, Estêvão volveu o olhar aos céus e viu Jesus assentado à direita de Deus. Como aconteceu na execução de Cristo, fecharam os ouvidos à verdade e fecharam os olhos para a luz.
                Por tudo isso, expulsaram-no da cidade e o apedrejaram e depuseram seus vestidos aos pés de Saulo, que ainda não era o Paulo, o Apóstolo de Deus, mas perseguidor de cristãos. Enquanto era apedrejado, invocava os céus dizendo: Senhor Jesus, recebe o meu espírito."
             Também Cristo, na cruz do calvário, entregou seu espírito ao Pai e pediu que perdoasse seus algozes. Estêvão, à beira da morte, disse: "Senhor, não lhe imputes este pecado."
               Assim é a vida e a morte de quem anda, vive e ama como Jesus andou e amou, porque só quem tem Jesus como modelo consegue ser fiel até a  morte e nunca renega seu Deus, por mais forte e dolorosas sejam as circunstâncias.