LIVRO: UM PEREGRINO EM MINHA PRAIA

terça-feira, 17 de março de 2015

EU ERA MUITO RICO

Senhor, nada me faltava naquele momento. Muito rico de posses,  poderes e qualidades, de nada carecia ou dependia. Mas ouvi falar de ti, dos milagres e proezas, coisas que a minha posição social e de comando  jamais me permitiriam realizar, como simples mortal. Aproximei-me, querendo saber como obter a vida eterna, pois,  essa vida, onde poderia dominar com meus recursos, sabia que iria terminar.
Chamei-Te, Mestre e bom, de certa forma, não  contando com sua sabedoria e misericórdia para comigo, talvez para que também reconhecesse em mim alguém de qualidade e obediência, e de bondade, quem sabe? Então, ao contrário do que esperava,  o que era Perfeito, não assumiu ser ¨bom¨ e me colocou no meu devido lugar de importância diante de Deus.
Para minha surpresa, mesmo sabendo, pela sua onisciência,  que guardava os mandamentos, os relembras e  me convidas a guardá-los, como se fosse possível!  Perguntei-lhe QUAIS?, porque,  no meu entender  humano,  nada havia a acrescentar à  minha postura de obediência!
Mesmo sabendo que me conhecias de verdade, desanimado, lembrei-te  que a todos preceitos guardava, o que mais poderia querer de mim? Mas,  me mostraste que estava longe das portas que se abrem para a vida, mesmo estando ali, junto de  ti!
Precisava vender tudo o que tinha  para herdar a vida, mas sabia que Davi nada precisou vender para ser um homem segundo o coração de Deus. Que outros príncipes e profetas que me antecederam   e que as Escrituras registram, de nada precisaram dispor  e foram abastados e salvos para a eternidade.
Saí triste de tua presença, primeiro, porque não entendi,   de pronto,  a conexão entre as duas realidades e, cabisbaixo,  porque ainda não estava ao meu alcance compreendê-las. Sim, o apego à riqueza se tornou o meu mal, como o apego excessivo a  pessoas,  posições e tronos comuns se tornam o mal de muitas criaturas. Necessário se faz, deixar que os mortos enterrem seus mortos, soltar os grilhões e amarras que nos paralisam  e escravizam, mas tenho riquezas e elas fazem o perfeito sentido para minha vida de aparente obediência.
Pelo que me disseste, posso ser perfeito, mas, para seguir-Te, preciso me esvaziar de mim mesmo, das possessões interiores que ainda reinam no meu coração. Preciso tentar, sei que não  conseguirei sozinho. Quem sabe, assim,  poderei herdar a vida eterna? Preciso retornar a Ele.
(A Bíblia não registra o que aconteceu com o jovem depois que se afastou de Jesus).

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